Apneia, a perigosa inimiga da madrugada



O ronco alto é um alerta muito mais incômodo do que se pode imaginar. Além de atrapalhar o descanso alheio, principalmente de quem está ao lado na cama de casal, o ruído da respiração pode ser considerado um aviso natural de quem sofre da apneia obstrutiva do sono e ainda não sabe disso.



As paradas respiratórias forçam o cérebro a liberar adrenalina, o que provoca o despertar e, na sequência, a recuperação da capacidade de inspirar e expirar. Este processo resulta num aumento da pressão arterial. Com o coração acelerado, o portador do distúrbio pode sofrer com arritmia cardíaca, o que aumenta as chances de uma parada letal. A hipertensão também aumenta muitas vezes o risco de um infarto ou um acidente vascular cerebral. A apneia, portanto, é uma doença muito perigosa, afirmam os médicos.



O otorrinolaringologista e especialista em Medicina do Sono Daniel Yendo Inada, da equipe médica do Hospital do Coração de Londrina, explica que a síndrome é classificada em três níveis.” De cinco a 15 paradas respiratórias por hora de sono, a apneia é considerada leve. Entre 15 a 30 paradas, trata-se de uma apneia moderada. Acima de 30 paradas, o diagnóstico é de uma apneia acentuada”, informa.



Estudos populacionais tem demonstrado que a sindrome da apnéia obstrutiva do sono acomete de 2 a 4% da população adulta. É mais frequente em homens, acima de 40 anos e obesos. As mulheres apresentam menor incidência|(proporção de 3 homens para 1 mulher) devido a fatores hormonais, porém tendem a aumentar os casos após a menopausa e se houver ganho de peso. Dentre os pacientes com apnéia do sono, o ronco está presente em até 90-95% dos pacientes.



Os pacientes de apneia procuram ajuda médica especialmente por causa do ronco. “Normalmente estimulado pelo cônjuge”, lembra o doutor Inada. O ronco é provocado pela flacidez dos músculos da faringe. Quando a pessoa deita, o palato mole vai para trás e bloqueia a passagem de ar, o que resulta no ruído desconfortável, nas paradas respiratórias (superiores a 10 segundos) e na fragmentação do sono (o que impede o chamado sono reparador). Bebida alcoólica e cansaço agravam o sintoma.



A pneumologista Janne Takahara, especialista em distúrbios do sono, lembra que um dos principais prejuízos para quem sofre de apineia é o sono se tornar ineficaz. Com isso, surgem problemas durante o dia.